domingo, 16 de agosto de 2009

Hora do Conto

Uma Aventura na Letrolândia

Proposta: Hora do Conto

O projecto Ó Letras consiste em várias vertentes culturais, uma delas a Hora do Conto a mesma relata a importância da leitura no mundo do ser humano, consiste abordar temas da importância da leitura e que estão afectar a nossa sociedade actual, pelo facto da ausência dos hábitos da mesma. As tecnologias tiveram uma aderência pelo ser humano que de facto é assustador cabe-nos a nós seres humanos alterar tal situação, de mãos dadas para a concretização dos hábitos da leitura.

A Hora do Conto tem como objectivo abordar assuntos actuais para a leitura, que envolvem as crianças nos hábitos da literatura, mas também que dizem respeito aos adultos.

Finalidade:

A HISTÓRIA

A civilização da Letrolândia tem uma existência milenar, que nos remete há Época Pré-Clássica da História da Humanidade.

Segundo uma lenda muito antiga, num reino longínquo, a guerra afastou os homens para um destino sangrento e as mulheres prestavam auxilio aos feridos. Perante esta situação, as crianças viam-se desprovidas do afecto paternal e maternal, bem como de qualquer educação familiar, que lhes garantisse um crescimento saudável.

O deus Liter reconhecendo a grave situação deste povo, criou uma civilização que ajudasse a criança a sonhar e a se auto-educar. Ao criar a terra da Letrolândia , pretendia que os seus habitantes levassem as crianças a despertar a sua imaginação e através das suas divertidas aventuras, as educassem, levando ao desenvolvimento saudável das suas personalidades, servindo de preparação para o ser adulto e a cidadania.

A civilização da Letrolândia, tem por actividade principal a cultura duma plantação de letras, as quais têm servido ao longo dos tempos, para a redacção de histórias infantis, que cumprem a missão educativas das crianças. Cada personagem e história, adapta-se à época e sociedade vigente, de forma a estimular as crianças para o seu auto-conhecimento e compreensão do mundo que a rodeia.

Através das histórias criadas por este povo, a criança cresce de forma saudável, consciente de si e dos outros, preparando-se gradualmente para as exigências da vida adulta que a aguarda.

PERSONAGENS:

A Hora do Conto consiste em doze personagens

Como: O Leitor Aventureiro - Troca Tintas – Letrafix - Professor Letrinhas - Avô Contaletras – Rezingão - Rufina Letras - Afia Letras - Zulmira Borrachinha - Luigi Canetas - Gémeos Borrachinha - Fada Lily.

Esta colecção pretende abordar a sociedade actual, que envolvem as crianças, mas também aos seus pais e a todos nós.

Actualmente deparámo-nos com uma criança diferente, em que o papel educativo dos pais, foi transposto para as instituições educativas. Existem assuntos que deveriam ser os pais a despertar nos seus filhos. Perante esta ausência educativa dos pais, sobretudo face a valores e moral, o livro e as histórias infantis, podem tentar compensar esta falha.

Nesta colecção, as personagens têm como missão, representar figuras tipo existentes na sociedade actual, as quais desencadearão situações da realidade, que nos fazem reflectir.

A história apela à imaginação infantil, mas também às emoções, ensinando de forma divertida a crescer.

Realidade e imaginação encontram-se de mãos dadas, para a concretização dos mesmos objectivos – levar a criança a aprender valores, num mundo de fantasia e permitir aos pais, um ponto de partida para descodificarem as carências reais, que se mascaram, nas fantasias dos seus filhos.

A Hora do Conto é apresentada pela personagem Ó Letras representante do Projecto Ó Letras tem como missão hábitos da leitura, e a importância que ela tem para o ser humano. É uma figura super simpática onde as crianças adoram a sua personagem.

Condições:

Duração da Hora do Conto aproximadamente uma hora, honorários 750.00€ mais iva a realização de 2 sessões no mesmo dia é só 1000.00 mais iva o pagamento deverá realizar-se no final do espectáculo. Quando a deslocação tiver que se realizar de um dia para o outro por razões de distância que os nossos elementos tenham que permanecer na localidade o alojamento mais alimentação é por conta da instituição em alternativa caso não pretendam o alojamento mais alimentação cobramos .90 centimos por km.

Certos do vosso interesse, pela nossa proposta sem dúvida que tem sido um grande sucesso, em todas as instituições que temos passado pelos hábitos que temos criado e inserido nas crianças como também nos adultos deste grandioso projecto. Sentimos muito satisfeitos pela razão de termos crianças a contactar-nos dizendo que todos os dias antes de se deitarem criaram o hábito de lerem sempre algo, sem dúvida que nos deixa orgulhosos pelo que conseguimos, visto a Hora do Conto ser super interessante.

Ficamos à disposição de V. Exa. para qualquer esclarecimento complementar, subscrevemo-nos com máxima estima e consideração ao vossos dispor.

Cordialmente

Contacto e-mail: projecto.oletras@gmail.com o site encontrasse em construção

PROPOSTA: Enviar para o e-mail acima referido.

Esta hora do conto como as personagens contém direitos de autor estando a mesma registada com patente pela presente é intransmissível por dados de voz e personagens.


"O tempo não lhe deu tempo... Que Deus lhe dê tempo de paz eterna."

(Não lamentem a sua partida... Ele está entre nós)

"A morte é a única certeza na vida. Contudo, quando ela chega deixa, nos que ficam, um profundo sentimento de espanto."

Maria do Deserto, 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Carlos Paião - 26 de Agosto de 2010 - Vigésimo Segundo Ano Do Seu Desaparecimento

O coração é mais forte do que qualquer memória que se apaga lentamente, nas páginas da nossa existência. Como o sopro que nos envolve de mistério, com o tempo a memória esgota-se na penúria do esquecimento. Esta é uma verdade que acompanha a história da humanidade e como tal, escolhi a voz do coração, para homenagear um grandioso homem e artista português, após 50 anos do seu nascimento, revelando factos, emoções, desafios e aventuras que marcaram a sua breve caminhada neste mundo.

A tentativa de imortalizar a sua imagem e vivência, ainda que aparentemente utópica, é o resultado duma enérgica vontade de reactivar de uma forma profunda, o sentir o outro como parte integrante da nossa existência. Vivemos numa sociedade em que o indivíduo tem dificuldades em se reconhecer a si mesmo, de conhecer aqueles que o rodeiam, desaproveitando a riqueza do contacto humano, negando um altivo lugar às mentes geniais, aos bafejados dum dom quase sobrenatural, que fazem renascer a beleza dum universo perdido. Esta é a dura missão dos que criam os mundos da ilusão, que se entregam à voraz sorte, mas que nunca desistem do fogo de sonho que trazem na alma, tornar a vida mais feliz e o mundo mais justo!

Carlos Paião era um artista inspirado por uma força maior, que colocou a música num pedestal e fez dela a musa guerreira, que ecoava verdades silenciadas na sua inquietude; a arma poderosa que arrebatava as injustiças; o veículo escolhido para rasgar a sua longa caminhada, em busca duma existência mais útil e perfeita! Sendo um comum mortal, com fraquezas inerentes, transcendia essa sua condição com uma arrebatadora paixão pela vida, uma fervorosa vontade de entregar ao universo, tudo o que de mais nobre e altivo florescia em si. O seu cândido sorriso era a revelação sempre presente, duma forma exclusivamente positiva de encarar a vida, como se esta fosse uma dádiva, à qual se pretendia entregar sem limites.

Era um homem tímido e observador, que mantinha de perto a família, pois esta era o pilar do seu equilíbrio. Humilde na forma de ser, nunca se envaideceu pelos múltiplos talentos que detinha ou pelos tributos conquistados. Artista multifacetado, foi inovador na música que escrevia para tantos cantores de renome do nosso país.

Alguém excepcional como Carlos Paião com invulgares qualidades humanas, levou ao mundo o que de melhor se fazia musicalmente em Portugal e infelizmente, não viveu o suficiente para sentir do povo que tanta amava, o reconhecimento merecido. Sabemos que a sua vasta e talentosa obra só conheceu a fama e a glória após a sua morte, quando já não estava entre nós, para deixar brotar a lágrima de felicidade, dum humilde obrigado.

A sociedade dos homens é uma realidade contraditória, que deixa adormecer nas frias lápides do tempo, as vozes que plantaram os sonhos que ainda hoje bebemos. Ainda vamos a tempo de contrariar esta tendência nefasta, pois é em vida que o poeta, o criativo, o artista, o génio deve ver reconhecido o seu valioso contributo para a humanidade. Enquanto a cegueira se recolhe nesta controvérsia, tentamos prestar a homenagem como recompensa da nossa infinita falha. Esta é a minha missão, exigente mas à qual darei o meu melhor contributo, abraçando a verdade e tentando derrubar qualquer dúvida ou mito criado em torno desta honorável figura portuguesa da 2ª metade do séc. XX.

Fotobiografia disponível através do email: distribuicao.letrolandia@gmail.com

http://www.cdgo.com/

Fotografia

O escuro e a luz
Dark and light
Fiéis Amigos
Loyal Friends

Acontece na Tecnologia
It happens on tecnology

O fogo da natureza
Fire from nature
Xana, fiél companheira
Xana, Loyal friend

O animal na selva
Rui
Jungle's animal

Fotojornalista: a paixão pela aventura



A Força da Natureza, Birmânia, 1987
Nature's Strength, Burma, 1987



Resultado de um Mundo em Guerra, 2004
Result from a World at War, 2004




Amor de Mãe, Estados Unidos, Nova Iorque
Mother's Love, U.S.A., New York



Red Bull Air Race, Porto, Setembro 2007
Red Bull Air Race, Porto City, September 2007

A arte de fotografar







Um olhar sobre a arte



A Arte e o Artista


A palavra Arte deriva do latim ars, significa técnica ou habilidade, é por isso o produto ou o processo para realizar determinadas habilidades. Na actualidade, a Arte é vista como uma actividade artística ou o produto da actividade artística, o que poderia ser o produto final da manipulação humana sobre uma matéria-prima.
Segundo Ernst Gombrich, famoso historiador de arte, nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte, existem somente artistas. A arte é vista, por este autor como o resultado dum fenómeno cultural. A arte pode ainda ser vista como sinónimo de beleza ou de uma Beleza transcendente. Assim sendo, Arte pode ser qualquer coisa que assim seja considerado por alguém, não delimitado à produção feita por um artista.
Os historiadores da Arte procuram determinar os períodos que empregam um certo estilo ou estética por movimentos artísticos. A arte regista ideias e os ideais das culturas e etnias, sendo assim importante, para a compreensão da História do Homem e do Mundo.
Muitas formas artísticas podem extrapolar a realidade, exagerando coisas normalmente aceites ou simplesmente criando novas formas de se perceber a realidade.
Em algumas sociedades as pessoas consideram que a Arte pertence à pessoa que a criou; que o artista usou o seu talento intrínseco na sua criação. Outra maneira de pensar: a arte é um talento do artista, o seu dom individual. Esta última perspectiva é aceite pelos Judeus, Cristãos e Muçulmanos. Outras sociedades vêm a Arte como algo pertencente à comunidade. Assim, estes detêm a convicção de que a comunidade deu ao artista o capital social para o seu trabalho. Nesta visão, a sociedade é um colectivo que produz a arte, através do artista, que apesar de não possuir a propriedade da arte, é visto como importante na sua concepção.
A arte pode ainda ser vista como o campo do conhecimento humano relacionado à criação e crítica de obras, que evocam a vivência e a interpretação sensorial, emocional e intelectual da vida, em todos os seus aspectos.
A Arte é um elemento que acrescenta algo à vida, está relacionada com a memória e a experiência. É uma nova realidade da representação humana, em que a sociedade passa a ser a obra-prima da arte e onde o conceito de beleza se encontra no ideal de perfeição e imitação da natureza. A grande vantagem é que as obras de arte não envelhecem, são eternas, documentam uma realidade, uma época, um momento que fica para toda a vida.
O objectivo do artista moderno é fazer das suas obras um prolongamento da sua vida e da vida que o rodeia. O ser humano sempre teve e necessidade de imortalizar os momentos mais importantes da sua vida. A arte nasceu para suprimir essa necessidade, acrescentando mais beleza a esses momentos.
A arte transforma a nossa maneira de pensar, pois faz-nos repensar as nossas posições sócio-culturais e artísticas. Ela procura a análise dos objectos de arte e percursos históricos, pois de alguma forma a arte interfere na sociedade e ao mesmo tempo, recebe influências do meio em que está inserida.
Actualmente fala-se muito da reprodutividade técnica, o que fez ver a arte de uma outra forma, tanto do ponto de vista do espectador, quanto do criador. Segundo Walter Benjamim, esta possibilidade multiplicativa da arte, fere os valores que vêm a obra como a continuação duma experiência religiosa. A arte seria suportada por 3 elementos: aura, valor de culto e autenticidade. Estes três valores geravam a noção de beleza sobre a qual a estética clássica repousava. A obra de arte sempre foi reproduzível, discípulos copiavam visando o exercício e falsários almejando ganhos materiais. A Fotografia gerou a primeira revolução no que diz respeito ao papel da criação artística. Pela primeira vez a mão libertou-se das tarefas artísticas essenciais, no que toca à reprodução de imagens, as quais, doravante, foram reservadas ao olho fixo sobre a objectiva. Actualmente, as técnicas de reprodução atingiram tal nível de perfeição, que acabaram por se impor como formas originais de Arte. A homogeneização da arte, através da reprodutibilidade técnica, pela diluição da cultura e estereotipação do saber, atende a interesses essencialmente financeiros
A Arte não é só fazer, é também esperar. Picasso possui uma arte múltipla e prolífica, que representa a afirmação da vida. Não só varia o tema, como também vê o quadro como um abismo onde ele se lança de cabeça e uma vez possuído repele-o. No que diz respeito à autenticidade, ainda que as novas técnicas de reprodução não alterem o conteúdo da obra de arte, desvalorizam o seu valor de autenticidade, pois o que faz com que algo seja autêntico, é tudo o que contém de originariamente intransmissível.
A obra de arte possui diametralmente dois valores básicos: o valor da obra de arte como objecto de culto e o valor como realidade capaz de ser exposta. A produção artística destinada ao culto, demonstra que tão só a presença dessas imagens, tem mais importância do que o facto de serem vistas. Assim, a obra de arte assume-se como um instrumento mágico e só posteriormente é reconhecida como obra de arte.
O filme modificou ainda mais intensamente as interpretações artísticas. Enquanto no teatro, a aura do actor e da plateia modificam o resultado no palco, no filme é entregue aos espectadores que não causam qualquer influência na representação. O filme não pode propiciar ilusão senão em segundo grau, após se ter realizado a montagem das sequências. As técnicas de reprodução aplicadas à obra de arte modificam a atitude das massas diante da arte. Para as massas um Picasso pode ser reaccionário e um Chaplin progressista. A característica de um comportamento progressista, reside no facto de o prazer do espectáculo e a experiência de vida correspondente, se ligarem de modo directo e íntimo, à atitude do conhecedor. Esta ligação tem importância social. À medida que diminui a significação social de uma arte, assiste-se no público um divórcio crescente entre o espírito crítico a fruição da obra.
Segundo Walter Benjamim, na década de 30, século XX, vivia-se o nazi-fascismo e uma esperança, a revolução socialista. A primeira havia transformado a política e a guerra em espectáculos artísticos. A estetização da política e da guerra, transformadas em obras de arte pela propaganda e pelos espectáculos de massa (danças, ginástica, discursos políticos, etc.) visavam tocar fundo nas emoções e paixões mais primitivas da sociedade. A reprodutibilidade técnica estava ao serviço da propaganda de mobilização totalitária das classes sociais, em torno do “grande chefe”. A revolução socialista e a emancipação do género humano, levaram a arte a perder de forma positiva a sua aura, em detrimento da democratização da cultura, como direito de acesso às obras artísticas por toda a sociedade, especialmente pelos trabalhadores. A arte deixava de ser um privilégio de uma elite, seria um direito universal.
Embora o nazi-fascismo tenha terminado com o fim da Segunda Guerra Mundial, a massificação propagandística não terminou com ele: foi incorporada pelo estalinismo e pela indústria cultural dos países capitalistas. Assim surgia a cultura de massas.
O artista é o verdadeiro criador da Arte. O homem cria objectos para satisfazer as suas necessidades práticas (arte utilitária), como meio de vida, para que o mundo saiba o que ele pensa, para divulgar as suas crenças ou as dos outros, para estimular e distrair-se a si mesmo e aos outros, bem como para explorar novas formas de olhar e interpretar objectos e cenas. Ele coloca na sua arte o que não consegue colocar na própria existência, pois foi por se sentir infeliz que Deus criou o mundo. A solidão é a parte da pena que todo o artista autêntico sofre, por ser diferente do resto dos seus colegas. Segundo Óscar Wilde, a forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. A autoridade sobre ele e a sua arte é algo ridículo.
Todo o homem que encara a vida de um ponto de vista artístico, sente que o seu cérebro passou a ser o seu coração. Ser artista, pressupõe “pensar” com o coração, pois quanto mais se raciocina, menos se cria. A verdadeira essência do trabalho do artista é despertar nos outros a emoção, é deixar os pincéis da sua alma, pintar a sua própria natureza e realidade.
O artista em sintonia com o universo, pode através da sua arte, produzir obras que encantam, comovem, despertam emoções e sentimentos. A artista tem um poder especial que vai além das pessoas normais. É capaz de se sintonizar com o universo e trazer um pouco da sua beleza para o mundo em que vivemos. Dominar uma arte, aproxima-nos do Criador, por isso aqueles que deixaram obras inesquecíveis, têm entre si um traço comum – a humildade. Quem pretende vencer na Arte tem de ter certos cuidados, como afastar-se de sentimentos menos nobres, de gente inconformada e amarga e aproximar-se dos verdadeiros artistas. O artista deve viver a vida de forma construtiva e não destrutiva, pois a destruição não combina com o universo, nem com a verdadeira arte.
Ao longo dos tempos o papel do artista tem sofrido grandes transformações, sendo de recordar que aqueles que viram a sua obra imortalizada, tiveram uma vida difícil, por vezes sem lhes ser reconhecido o mérito, enquanto vivos. Alguns passaram necessidades, eram verdadeiros mendigos, enquanto outros eram apadrinhados por grandes fidalgos e reis (mecenato). Actualmente, ser artista pressupõe risco e falta de apoio, o que leva a que muitos talentos escondidos assim o permaneçam. Os apoios são poucos ou quase nenhuns, o que provoca nesta classe grande descontentamento face a uma sociedade tão consumista e tão pouco cultural, um governo capitalista, que deixam adormecer os criadores no silêncio.
A vida do artista foi alvo de reflexão por parte de vários autores, como é o caso de Vergílio Ferreira. Para o autor, o artista é maior do que Deus, pois o artista já tinha criado, antes de criar e assim não teve surpresas. O escritor, por exemplo, escreve no infinito e assim realiza a sua criação. O que o artista encontra é sempre a procura que está para além de tudo. Para ele, o que a arte nos ensina não é puro discernimento, é a relação mais profunda de nós próprios com o mundo, é verdadeiramente “o ver”. Há sempre um modo de ver que é o mundo estético. O mundo não é meramente objectivo, nem neutro, não se pode anular a presença do sujeito. A visão que temos das coisas é a nossa visão do mundo.
Fiodor Dostoievski no “ Diário de um Escritor”, explica como é difícil e atormentada a vida dum escritor. Sob a pressão da sociedade, o jovem poeta sufoca na alma o seu natural anelo de espraiar-se em formas singulares, receia que condenem a sua “ ociosa curiosidade”, reprime essas formas que lhe brotam no fundo da alma, nega-lhes a vida e atenção e arranca de dentro, entre espasmos, o tema que à sociedade agrada. Há talentos notáveis que prometiam muito, mas a quem a tendência corroeu de tal modo que lhes encaixou um uniforme. É muito difícil explicar a quem acredita na liberdade de expressão, no perfeito e no ideal, que o mundo está corrompido pelo dinheiro, política e poder. Que os homens não têm liberdade, senão aparente e que aquilo que é verdadeiro, como a arte liberal, abale e atinja os poderosos do mundo, ao ponto de calarem quem os contradiga.
Para Thomas Mann em “Doutor Fausto”, o artista em todos os períodos da sua vida permanece mais próximo da sua infância, do estado sonhador de criança e isto torna-o mais humano.
Para Georg Hegel, em Fenomenologia do Espírito, o artista não produz uma essência igual a ele mesmo, a sua obra retorna para ele uma consciência, pois a multidão que contempla a obra, honra-a com os seus espíritos. A admiração dos outros, pressupõe uma confissão feita ao artista, de que a obra não é igual a ele. O artista sabe que a sua operação vale mais do que a sua compreensão e o discurso dos outros.
A Arte permite ao Homem imortalizar a sua existência, deixar o vestígio da Humanidade. Ser artista é quase uma expiação neste mundo, pois perante a circunstância de serem diferentes do normal, de possuírem a inquietude existencial, os porquês que não acabam, o desajustamento neste mundo tão controverso, leva-os a sentirem-se abandonados numa tarefa ingrata de se ser criador e visionário. Estes homens e mulheres, que vêm a essência do mundo são esquecidos. Foram ao longo dos tempos considerados loucos e lunáticos, porque vêm o que os olhos dos comuns dos mortais não vêm, a destruição do mundo e a beleza real do universo. Não pediram ser como são, é um dom de Deus, uma cruz pesada que têm de suportar!